quarta-feira, 18 de março de 2015

Crítica: Dexter em cena



Em 2004, Jeff Lindsay lançou o primeiro livro da série Dexter, Dexter - a Mão Esquedar de Deus, e foi um um enorme sucesso que gerou o seriado Dexter, exibido pelo canal Showtime nos EUA e FX aqui no Brasil, estrelado por Michael C. Hall e Jennifer Carpenter.
O seriado que começou com um bom potencial foi perdendo sua identidade, o psicopata Dexter não tinha mais as características que o definiam como psicopata além de matar, o seriado foi empurrado até chegar a um final medíocre. 
Porém os livros de Jeff Lindsay eram melhores, Dexter sempre foi um psicopata irônico e a cada livro ele tinha novos desafios, mas nunca deixou de ser quem era: um psicopata... Bom. pelo menos até o sétimo livro da série, Dexter em Cena. Na trama, Dexter tem que proteger uma famosa atriz de Hollywood de um terrível assassino, mas o mundo de luxo fascina nosso herói e logo ele decide que largar  sua esposa, Rita, e seus filhos para ser feliz junto de Jackie Forrest, seu dinheiro e principalmente o luxo que ela pode lhe proporcionar.
A trama se arrasta, não chama a atenção e não cativa os leitores, alguns personagens sequer são mencionados, como por exemplo o irmão de Dexter, Brian, que tem um papel relativamente importante a partir do quinto livro da série, Dexter é Delicioso; Doakes, o sargento que vive no pé do Dexter, não morre nos livros, como acontece no seriado, mas neste livro temos a impressão que morreu sim, pois ele não é mencionado uma única vez; As vezes o sobrinho de Dexter e filho de Deborah Morgan parece existir apenas quando convém, assim como quando o autor parece se lembrar que ele existe; Mary Anne, filha de Dexter com Rita, que depois do nascimento é o xodó do personagem título, mingua e quase não vemos menção à ela nesta obra.
O problema de escrita não é exclusivo do sétimo livro da saga Dexter, ele sempre esteve presente, porém nos primeiros livros era mais difícil de acontecer, em contrapartida a tradução e revisão brasileira feita pela Editora Planeta é horrível, se sua intenção é ler este livro para aumentar seu vocabulário dê meia volta, há erros grotescos de escrita e de gramática, pelo menos até o sexto livro da série, Duplo Dexter, a qualidade melhora muito já em Dexter em Cena, que é sem dúvida o melhor trabalho feito pela editora na série, considerando tradução e revisão, pois se há erros, passaram despercebidos.
Mas voltando à trama, ao chegarmos no final do livro, nas ultimas 20 páginas (de 403), conseguimos ver as verdadeiras intenções do autor, Dexter em Cena é uma ponte para o grande final da série, do ainda sem tradução, Dexter is Dead (Dexter está Morto), do qual Dexter precisa da ajuda do seu irmão (que nem é mencionado no livro anterior) para escapar ileso de sérias acusações.
Assim como na série, os livros também foram perdendo a qualidade, contudo os rumos do Dexter são completamente diferentes dos abordados no seriado e muito mais interessantes. Não é o melhor livro, mas recomendo a leitura.